sexta-feira, 23 de maio de 2014

A experiência Velib - Bonus track: Berlin

Em Berlim não utilizei bicicleta. Cheguei no sábado e precisava descansar pra corrida. Corri no domingo e na segunda ainda estava cansado. Na terça feira fui visitar Sachsenhausen, que fica em outra cidade. Acabei não tendo essa oportunidade.
Apesar de existir um sistema semelhante ao Velib em Berlim, há poucas estações, e parece que pra utilizar é preciso ter um cartão do transporte público. Mas a cidade é hiper "bike friendly". Apesar de não ter a fama de Amsterdam, as pessoas utilizam muito a bicicleta em Berlin. É permitido transportar a biicleta em metrê e trem, e comum ir até a estação de trem ou metrô de bike e deixá-la acorrentada lá. Aliás, um aviso: Se você estiver em Berlin, não fique parado por muito tempo, ou alguém vai prender uma bicicleta em você. É impressionante como eles acorrentam a bike a qualquer lugar!! Poste, placa de sinalização, grade da ponte... 

Berlin me pareceu tão sinalizada para ciclistas quanto Paris (ou até mais), mas com uma vantagem. Lá os pedestres respeitam as regras de trânsito. Uma cena comum: pessoas esperando pra atravessar, nenhum carro na rua (às vezes é tarde da noite). Ninguém atravessa antes de abrir o sinal de pedestre.

A experiência Vélib'

A experiência Velib parte 06 - Conclusões

Apesar do cansaço e do tempo maior de deslocamento, foi uma experiência incrível!! Paris é uma cidade linda, e poder circular calmamente por ela é algo indescritível. A cada esquina tem um lugar bonito pra olhar. Além disso, a intimidade com a cidade aumenta. Em poucos dias eu já passei a ter uma noção bem melhor de como chegar em cada lugar. Vi lugares muito bonitos. Me senti mais conectado à cidade. Claro que eu não deixei de ser um turista, mas pelo menos um turista que presta atenção ao que acontece na cidade.
Foi difícil manter a proposta no dia 01/05 e no dia 08/05, dias em que choveu muito, mas valeu a pena. E muito.
Claro que é complicado fazer isso durante toda a viagem, como eu fiz. É preciso estar com um bom preparo físico e com disposição. Eram 25 a 30km  a cada dia. Mas recomendo que você use o sistema durante a sua viagem, ainda que alternando com o metrô. A sensação de passear de bike e sentindo o vento rosto por lugares como a Champs Elisee, a maldita rotatória do Arco do Triunfo (maldita porque são várias avenidas chegando no mesmo lugar), o Jardin das Tulleries, a Rivoli, a Bastille, a Opera Garnier, a margem do Sena e tantos outros lugares lindos é indescritível!

Pra resumir, posso dizer que essa passagem por Paris foi LEGEN... (wait for it) ... DARY!!! INESQUECÍVEL!

A experiência Vélib'

A experiência Velib parte 05 - Problemas e dicas

Um dos problemas eu já comentei na parte 04, que é a disputa de espaço com os pedestres. Pra isso, basta ter atenção e respeitar a sinalização. Muito cuidado também quando for parar ou virar, pois pode ter um outro ciclista colado em você e causar um acidente.

O problema mais comum é a falta de bicicleta na estação ou falta de espaço para devolver. O primeiro caso eu passei duas vezes, mas bastou andar até uma estação próxima. O segundo caso eu passei uma vez. Garanti meus 15 minutos e fui procurar outra.

Não aconteceu comigo de furar um pneu ou romper a corrente, mas isso seria simples de resolver, empurrando até uma estação (tem em todo lugar) e devolvendo a bike. 

É bom ter noção da sua velocidade de deslocamento e planejar trajetos curtos. Se você precisar chegar a um lugar longe, planeje o percurso dividido em trechos mais curtos. Quando estiver perto dos 30 minutos procure uma estação, devolva e aguarde uns 3 minutos pra pegar novamente.

Mesmo com tempo chuvoso dá pra usar o sistema. Lógico que pedalar na chuva é desagradável, mas se você esperar um pouco vai poder usar sem problemas, pois as bikes têm para-lamas e a cidade não alaga.

Para me orientar na cidade, utilizei o app Google Maps, com mapas offline. É perfeito, pois além de mostrar a sua localização precisa, ainda mostra a direção pra onde você está virado, facilitando a orientação.

Essa dica eu já dei lá atrás, mas cuidado ao digitar seu código de acesso, pra que ninguém esteja observando. Recomendo cobrir o teclado com uma mão e digitar com a outra.

A experiência Velib parte 04 - Paris, uma cidade "bike friendly"

O imbecil que desgoverna o Rio de Janeiro gosta de se gabar da quantidade de ciclovias da cidade, mas além de mal feitas, ligam o nada a lugar nenhum. Além disso o trânsito é uma selva, e não dá pra se deslocar de bicicleta na cidade. Só mesmo pra passear no fim de semana na orla...
Mapa das ciclovias do Rio, obtido aqui.
A parte riscada em vermelho é porque eu posso garantir que não existe de verdade. Só no papel mesmo.
Percebam que as ciclovias não ligam um ponto a outro da cidade. Servem só pra passear mesmo

Já em Paris a coisa é totalmente diferente. A cidade é toda preparada para deslocamentos de bike. Há sinalizações, ciclovias e respeito dos motoristas. Uma coisa que me impressionou é que onde não há ciclovia, a faixa de ciclistas é a mesma dos ônibus. E os motoristas não ameaçam os ciclistas. Só vi alguns taxistas nervosinhos (mas não jogam o carro pra cima dos ciclistas), mas em geral a paciência impera. Exemplo: Em uma rua estreita, com apenas uma faixa pra carros, se você estiver pedalando o carro vai devagarzinho atrás de você, sem buzinar ou ameaçar um atropelamento.
Ciclovias sempre sinalizadas

Na verdade o grande inimigo dos ciclistas não é o carro, mas o pedestre. Isso ocorre por uma razão simples: os carros respeitam os sinais de trânsito. Os pedestres e ciclistas, não. É preciso muito cuidado ao circular por zonas com muitos pedestres, pois quando o sinal está fechado para eles, eles utilizam a velha técnica de olhar se vem carro e atravessam. Esquecem de olhar se vem bicicleta. Os ciclistas também invedem o sinal vermelho, causando bastante confusão. Ainda tem os pedestres que insistem em andar pela ciclovia. Mas tudo se resolve facilmente se você tiver atenção.
A sinalização é excelente. Aponta por onde o ciclista deve ir, onde deve atravessar, em que ruas pode entrar na contra-mão e até onde não pode entrar. Fiquei fã.

A experiência Velib parte 03 - A magrela

Eu não vou mentir pra vocês. A Velib é pesada. Óbvio que ela tem que ser uma bicicleta resistente e barata, então não dava pra ser diferente. Mas ela atende bem o seu propósito. Tem paralamas (isso é feio mas super útil em dias de chuva), 3 marchas, um tripé parecido com os de moto e uma cesta com ótimo tamanho, também super útil.
Uma velib decorada :)
Tem o ajuste da altura do selim, fácil de usar (às vezes pode exigir um pouco de força).
Ajuste das marchas e do selim
Além disso, tem uma luz branca dianteira e uma vermelha traseira, acionadas automaticamente com o movimento. À noite é fácil saber quais foram as bikes recém devolvidas por causa da luz traseira, que permanece acesa por um tempo.

A experiência Velib parte 02 - Como utilizar o sistema

O primeiro passo para utilizar é localizar uma estação. Existe o app oficial do Velib, que indica as estações no mapa, informando quantas bicicletas e quantas vagas (para devolução) estão disponíveis, mas ele requer uma conexão. Como eu não tinha  internet, utilizei outro app, que tem um mapa offline das estações.

Esse é o formato da estação, com os detalhes do teclado, com um pequeno display LCD, e da tela. 

Na primeira utilização você escolhe o idioma apertando a opção 5. 

A partir daí você aperta a opção 1 para comprar o ticket e segue as instruções. Escolhe a opção 1 (ticket) e depois 1 novamente (1 day ticket). Lê as condições de uso (ou aperta "0" e "V" pra aceitar) e cadastra uma senha de 4 dígitos, que será utilizada para acessar o sistema. Muito cuidado ao digitar sua senha. Sempre pode ter um malandro de olho pra pegar uma bike com o seu número de acesso.



O próximo passo é o pagamento, cujas instruções são dadas no pequeno display acima do teclado. ATENÇÃO! No momento da compra do ticket a autorização do cartão é de 150 Euros, que é um depósito para o caso de você não devolver a bike. Ao final da transação você recebe um cartão com o seu número de registro e já tem a opção de retirar uma bicicleta. Guarde com cuidado esse cartão, anote o número, fotografe ou memorize (ou todas as opções), pois você precisará dele para utilizar o sistema.

A partir da segunda utilização o procedimento é o seguinte: primeiro você escolhe uma bicicleta. Verifica os pedais, a corrente, os freios e os pneus. DICA: há um código entre os usuários. As bicicletas ruins estão com o selim virado pra trás. Caso você encontre uma assim, nem precisa conferir. Caso note uma bike ruim, faça o favor de virar o selim.

Em seguida vai até a estação e aperta a opção 2. Na tela seguinte digite seu número de registro. Perceba que o sistema muda o idioma para o escolhido no momento da compra do ticket. Achei isso um detalhe interessante. A seguir você digita a sua senha (PIN) de 4 dígitos e depois a opção 1 para alugar uma bike. Confirma a seleção e digita o número da posição onde está a bike escolhida (em algumas estações nem todas estão disponíveis). Pronto! É só ir lá, apertar o botão e puxar a bike. Pra soltar a bike da estação é meio complicado no início, mas depois que acostuma fica mais tranquilo.


Para devolver, basta ir a uma estação, encaixar a bike e aguardar a luz verde, confirmando a devolução. Um passo opcional é ir até o totem, selecionar a opção 2, digitar seus dados e apertar a opcão 4 (veja que não aparece uma descrição na tela). Isso vai imprimir um recibo da viagem mais recente. 

Se não houver espaço disponível, acesse o sistema e aparecerá uma mensagem dizendo que você ganhou mais 15 minutos. Você também pode apertar a opção 3 e ver as estações próximas e a quantidade de bikes/espaços de cada uma. 

Se você quiser continuar sua viagem, basta devolver e aguardar uns 2 minutos pra pegar outra (ou a mesma) bike. Óbvio que se a estação estiver vazia e com alguém esperando a bike que você devolveu, não vai dar pra fazer isso.

A experiência Velib parte 01 - Introdução

Nessa viagem a Paris eu me propus um desafio: não utilizar metrô, ônibus, e muito menos táxi. Circular apenas de Vélib'. Pra quem não conhece, Velib é o sistema de aluguel/compartilhamento de bicicletas de Paris. Esse sistema já existe em várias cidades do mundo. No Rio é conhecido como "as bicicletas do Itaú", demonstrando que foi uma ação de marketing nota 10. Até Aracaju já começou a implantar a "Caju Bike"!!! Se ainda assim você não sabe do que eu estou falando, vou explicar:
Nesse tipo de aluguel você paga uma taxa pra usar o serviço, que pode ser diária, semanal, mensal, etc. Existem várias estações pela cidade onde você pode retirar ou devolver uma bicicleta. Várias MESMO, ou o sistema não funciona. A ideia é utilizar a bike por um período curto de tempo, devolver em outra estação e assim disponibilizar para outro usuário. Quando for retornar ao ponto de partida, vai até a estação (a mesma ou qualquer outra) e pega mais uma bike.
Tomando como exemplo o sistema parisiense: o passe diário custa EUR 1,70 (o passe é de 24h, e não até o fim do dia). Isso te permite utilizar uma bike por períodos de até 30 minutos sem pagar mais nada. Você pode fazer isso quantas vezes quiser, dentro do período de validade do seu bilhete. Para desestimular o uso prolongado, a tarifa vai aumentando: se você passar dos 30 minutos, paga mais 1 Euro. Os 30 minutos seguintes já custam 2 euros e a partir daí 4 Euros por 30 minutos. Ou seja: se você devolver em 30 minutos não paga nada. Se devolver em 2 horas paga 7 Euros. Se ficar com ela o dia todo vende o carro pra pagar o aluguel da bike :D. 
Mapa das estações
Para evitar uma insatisfação que seria comum, se você for devolver e encontrar a estação cheia, o sistema te dá mais 15 minutos pra encontrar outra estação.

A utilização é muito simples, e vou detalhar mais em outro post.

A regra do desafio era simples: não usar o trasporte público. Claro que o trem do aeroporto não entra nessa conta, mas o percurso entre a estação do trem e o local de hospedagem entra.

Nos posts seguintes vou mostrar como é simples utilizar o sistema e contar um pouco da experiência.

A experiência Vélib'


sábado, 10 de maio de 2014

Escolhendo o cinema

Na França há dois tipos de cinema: no primeiro as luzes ficam acesas durante o filme. É o cinema claral. O outro, igual ao nosso, é o cinema escurial


:D

Sexta-feira, 09/05/2014 - Paris

Hoje finalmente consegui visitar Les Catacombes. Cheguei lá 10:12 (abre às 10) e peguei pouco mais de 2h de fila. Portanto é preciso disposição. Como o dia estava meio perdido, pois teria que ir para o aeroporto no final da tarde, acabei encarando.
Já digo logo de cara que o audioguide é totalmente dispensável. Está tudo descrito em placas, e as descrições mais detalhadas dadas pelo audioguide não são essenciais.
A história do lugar é interessante. quilômetros e quilômetros de túneis foram escavados para retirar pedras que seriam utilizadas na construção da cidade. Como na época a região estava no limite da cidade, ninguém se importou muito com isso (periferia sempre sofreu). Esses túneis e galerias depois foram abandonados e esquecidos.
Até que em 1777 quando a cidade já tinha crescido até ali, ocorreram vários casos de desabamento do solo. Buracos enormes simplesmente surgiam "do nada" e levavam casas e pessoas. Foi quando Louis XVI  resolveu tomar uma providência e criou a Inspetoria Geral dos Subterrâneos" (IGC - Inspection General des Carrières), que iniciou um trabalho de investigação e reforço dos túneis e galerias subterrâneos.

Anos depois, quando o cimitiére des innocents estava saturado, causando problemas de saúde e consequente insatisfação da população,  resolveram desativá-lo e transferir as ossadas pra lá. isso foi feito com vários outros cemitérios. A estimativa é que ali estejam restos mortais de mais de 6 milhões de pessoas.

Como não é permitido o uso de flash lá dentro (mas pra variar eu era quase o único seguindo a regra) e quase não tinha onde apoiar a câmera, as fotos não ficaram muito boas.

Na época da recuperação dos túneis eram feitas essas marcações

Essas daí indicavam o que estava acima


Dizem que um dos trabalhadores da recuperação fazia essas brincadeirinhas nas horas de descanso.



Até apareceu uma entidade na foto :O









"Quando eu morrer vou pro cemitério". Sabe de nada, inocente!!





Depois de lá fui dar a última voltinha de bike pra me despedir da cidade e segui pro hostel pra almoçar e fazer hora pra voltar pra casa.

Au revoir!

Nos próximos dias vou postar a experiência Velib. Como foi passar 6 dias em Paris circulando somente de bicicleta.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Quinta-feira, 08/05/2014 - Paris

Acordei umas 9:30, tomei um banho, desci e peguei um café e 2 croissants e fui visitar les catacombes.  Chegando lá, cara na porta! Como dia 08/05 é feriado, estava fechado.
Então o dia foi em homenagem aos fãs de Rodin. Primeiro visitei o próprio museu Rodin, e depois vi várias obras dele (de Bourdelle também) no musee d'Orsay.
O museu Rodin é um passeio super agradável. Além de observar as obras belíssimas, ainda tem um jardim delicioso, inclusive com espreguiçadeiras. Estava tão cansado que nem cheguei perto, pois ficaria ali o resto do dia.
Mais foto pelo caminho




Encarando...





Se eu deitasse ali seria cochilo certo




Achei interessante como as folhas externas são mais claras...

"Já tá chegando o bragadá com essa dança que é uma bomba..."

A porta do inferno


O que me impressionou foi a escultura ter olhos claros. Efeito ninja!

O pensador e o papagaio de pirata

Adesivos colados no poste perto da saída

Antes de seguir para o d'Orsay fui ao Grand Palais ver "Guerra e Paz", de Portinari. Excelente dica de Bellinha!!!  ;)
"Guerra e Paz" foi um presente do governo brasileiro para a ONU e foi emprestado à fundação Portinari para ser restaurado e exibido. Quando a obra foi exibida no Rio, em 2010, as filas estavam gigantescas, e acabei não indo visitar. Desta vez (a última exibição antes de voltar pra ONU), a visita foi tranquila. A exposição mostra a vida e carreira do pintor e conta a história da obra.  Os painéis impressionam e vi vários brasileiros dividindo o orgulho que senti ao estar ali.
De vez em quando eram exibidos estudos de uma determinada figura...




Cheguei ao d'Orsay exausto. Tinha uma fila gigante, mas em meia hora estava lá dentro. O prédio do museu já é uma atração (o relógio,  então...) não é permitido fotografar lá dentro, mas depois de ver todo mundo fazendo, acabei registrando algumas coisas. Apesar de cheio, foi uma ótima visita. Mesmo com tantas obras espetaculares, confesso que a minha parte favorita foi p sofazão. claro que tirei um cochilo ali.


Soninho bom...

Sacre coeur


É emocionante ver algumas obras famosissimas ali,  ao vivo. Além disso, algumas não famosas impressionam pelo tamanho, qualidade e beleza.
Como passei o dia à base do lanche, resolvi chutar o balde no jantar. Ali pelo 13eme tem uma região com vários restaurantes japoneses, chineses, thai, vietnamitas, etc. Fui em um ao estilo "all you can eat", que tem um sistema no mínimo diferente (vários na região são semelhantes): tem uma grelha no meio da mesa. Você pega o que quiser no buffet e leva pra grelhar ali mesmo. Pra acompanhar, uma cerveja chinesa.